As produções espanholas da Netflix são um achado. Entre os originais do streaming, apesar de alguns discordarem, com certeza elas são as que mais conseguem trazer conteúdos interessantes, surpreendentes e de ótima qualidade. A recente aposta é “O Inocente”, que traz uma trama frenética e cheia de reviravoltas, onde o telespectador não consegue criar uma narrativa única, pois sempre tem algo que o tira do caminho, dando novas informações o tempo todo, e assim, mudando toda a sua perspectiva.
Com um drama policial bem amarrado, “O Inocente” é centrada no personagem Mateo Vidal (Mario Casas) que após uma briga em uma festa acaba matando um rapaz e é preso, sendo obrigado a cumprir pena de quatro anos.
Após cumprir pena, Mateo tenta recomeçar sua vida, onde conhece sua esposa Olivia Costa (Aura Garrido), mas tudo começa a dar errado quando sua esposa tem que fazer uma viagem a “negócios” e então ele começa a receber vídeos e fotos dela seminua ao lado de um homem nu.
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A produção não deixa pontas soltas! A apresentação dos personagens é muito boa. Temos informações dos traumas, de suas vivências, até chegarmos ao ponto central da série. Esse formato de narrativa, contextualiza as ações e atitudes de cada um.
A capacidade de emaranhar as histórias e surpreender a cada minuto, é algo que grandes produções não conseguem fazer. Por incrível que pareça, a produção não tem “barrigas”. Contudo, possui várias reviravoltas.
O carisma dos personagens ajudou bastante no desenvolvimento da trama, e podemos destacar o casal protagonista e ainda mais, Martina Gusman (Kimmy Dale), Alexandra Jiménez (Lorena Ortis), e Gonzalo de Castro (Jaime).
A maquiagem foi algo importante na produção, pois alguns personagens trocam de identidades e a maquiagem foi fundamental para poder “enganar” o público.
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Mesmo tento indicação classificatória para maiores de 18 anos, “O Inocente” não possui muita cenas explicitas. Contudo, apesar de aparecer o nu frontal de alguns caras, mas não é algo que choque muito. A classificação alta, fica mesmo por conta da cenas de violência e algumas de abuso.
A produção toca em temas delicados, como o caso da prostituição de menores. Relata a vida difícil das meninas que precisam se submeter a essa vida. E a tipos de violências que essas mulheres sofrem por parte de homens, que pagam para se relacionar, quanto do seu cafetão e o quão difícil é sair dessa vida.
No entanto, o ponto questionado é ato intencional ou não. Se o crime fosse cometido por alguém que você ama, será que sua postura seria a mesma, ou você procuraria desculpas para justificar que não foi proposital?
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Contudo, essa reflexão é muito interessante e nos põe para pensar. Nos coloca, pelo menos por um seguindo, no lugar do outro. Portanto, “O Inocente” levanta várias suspeitas e vários mistérios, mas será que todos nós somos cem por cento inocentes ou cem por cento culpados?
Em suma, a minissérie da Netflix, é um prato cheio para quem ama sair do óbvio das produções americanizadas. Perfeito para quem procura algo que não te entregue o previsível e que te faz entrar na trama e investigue junto com os personagens.