“Love, Victor“, série Original Hulu, chegou ao catálogo do streaming no dia 17 de Junho. A série é produto do mesmo universo do filme de 2018, “Love, Simon”. A produção conta com dez episódios com cerca de trinta minutos cada.
Nosso protagonista se chama Victor (Michael Cimino), que se muda com sua família do Texas para Atlanta, Geórgia, local de desenvolvimento da trama.
1 – LOVE, VICTOR OU LOVE, SIMON?
Victor luta com incertezas a respeito de sua orientação sexual. Ao conhecer a história de como Simon se assumiu gay para a escola toda, ele resolve enviar uma mensagem para sua inspiração, com o intuito de receber algum tipo de conselho. Para que assim, possa se descobrir e quem sabe assumir para o mundo o que ainda é segredo.
Em todos os episódios há conversas entre Victor e Simon. O recurso é uma forma de fazer com que a série se ligue ao filme. Porém, isso acaba limitando o show, que é impedido de ganhar vida própria e ser desvinculado de seu progenitor.
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Esse bate papo traz um ar de sessão de terapia. No entanto, seria interessante que esse recurso fosse utilizado somente no primeiro episódio.
Dessa forma, seria como um passar de bastão. Ou seja, esse dialogo interno do personagem seria mais subjetivo. Assim, poderíamos ver como Victor se sairia caso tomasse suas próprias decisões.
2 – UM DRAMA “REALISTA” SEM MUITA VEROSSIMILHANÇA
Com episódios curtos, com cerca de trinta minutos, a série poderia ser ainda mais sucinta em questão de quantidade de episódios.
A história central se perde com a falta de química entre Victor e Mia Brooks (Rachel Naomi Hilson). Mia é apresentada na série inteira com um ar de sofrimento. Assim sendo, em poucos momentos temos a personagem alegre, e isso é algo incomum, tanto na vida real, quanto na ficção.
Falando em verossimilhança, a série peca ao tentar retratar o cotidiano de uma família “real”. Isso porque o drama se passa nos dias atuais, e Victor não possuir nenhum tipo de referência gay em seu meio social, é um tanto estranho, mesmo se considerarmos o tamanho da cidade em que vivia.
Portanto, o fato de Victor precisar sair de uma cidade pequena para Nova York, para poder entender o que é ser gay e ter referências, é algo um tanto fora da noção atual de realidade.
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Na escola só ele é gay? Todos são enrustidos? Todos estão no armário? É realmente preciso ter uma referência de um ex aluno para se conhecer e tirar duvidas? Não sei. Para mim não colou.
Além disso, ao mesmo tempo que “Love, Victor” busca mostrar ser um drama maduro, traz elementos que vão contra a esse objetivo. Um exemplo disso é a inserção de uma professora estereotipada, que deixa suas frustrações pessoais afetarem suas atitudes no trabalho. Uma construção desse nível não cabe quando em um drama realista.
3 – COADJUVANTES MAIS INTERESSANTES QUE PROTAGONISTAS
Em muitos momentos me peguei mais interessado na trama de Félix (Anthony Turpel), do que do próprio protagonista. Anthony Turpel por sinal é um dos pontos positivos da série. O personagem demonstra carisma, ar cômico e passa leveza e otimismo para quem assiste.
Além disso, um dos momentos mais fortes da série ocorre em um dos diálogos do personagem. Na situação, ele leva Lake (Bebe Wood) até sua casa e explica que o meio em que ela vive, e o que as pessoas projetam pra ela, não as representam. Todo o contexto envolvido neste momento faz a conversa ter um peso importante.
Outro momento de Félix que mostra o quão especial ele é, acontece quando Victor conta para ele sobre sua sexualidade.
No momento, o carismático personagem simplesmente o abraça e pergunta como é pra ele poder tirar aquele peso do peito. Portanto, não houve julgamento, mas sim apoio, confirmado ao afirmar que entre eles nada mudaria.
Lake é outra personagem que cresce positivamente no decorrer dos episódios. A principio a garota é apenas uma patricinha chata, chaveirinho de Mia. Porém, ao contrário dos protagonistas apresenta bastante química com Félix.
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Já Andrew (Mason Gooding) é um personagem que aparece como idiota, que trilha uma trajetória de evolução, até ganhar sua simpatia. No entanto, o personagem começa pequeno, termina pequeno, mas conseguindo entregar o que lhe é proposto. Além disso, apresenta uma boa sintonia com Mia.
4 – SOBRE O CASAL CENTRAL
Sobre o casal gay da série, pode se dizer que é o mais sem graça de todos os tempos. Se vêem uma única vez, se apaixonam, e quando vivem um momento em que parece que tudo vai se desenrolar, acontece o contrário.
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Isso porque quando acontece o primeiro beijo, um deles se ofende, muda de emprego se afasta, até, depois de muita enrolação finalmente se resolverem. Isso resumi um pouco a linda e entediante relação chata do casal central.
5 – PALAVRA FINAL
Em suma, pode-se dizer que “Love, Victor” precisa decidir entre ter uma abordagem teen superficial, ou assumir um estilo mais maduro e profundo. Se optar pela segunda sugestão deverá abordar os temas de forma claras e não tão romantizadas.
Além disso, precisa se desvincular do longa “Love, Simon” para que consiga ter uma identidade própria. Portanto, a série possui potencial, mas se continuar nesse ritmo lento, não terá vida longa.