Quando saber a hora de parar? Pergunta difícil, né? Mas, às vezes a resposta vem em nossa cara e não entendemos. Esse é o problema da Netflix, com uma de suas séries mais populares do momento, Elite.
Uma série que poderia ter acabado em sua terceira temporada, saindo do ar aclamada pelo público e com a sensação de que queríamos mais (mas sabendo que era o suficiente). No entanto, a visão lucrativa falou mais alto e a série que era muito boa, acabou se tornou muito ruim.
NARRATIVA
Perdida em sua narrativa (a qual não tem mais), Elite virou uma série zumbi, com personagens e histórias superficiais e sem o brilho e prestígio de sua era de ouro. Com uma história totalmente tóxica, sem consequências para seus personagens e uma ilusão de vida adolescente, onde os jovens parecem viver em um eterno puteiro, Elite virou o cine privé da Netflix.
O novo ano de Elite, o primeiro sem nenhum remanescente da série original, se baseia na mesma fórmula ultrapassada, se mostrando incompetente em criar novas narrativas e quando se propõem trazer algo relevante, até uma poça d’água consegue ser mais profunda.
Não é de hoje que a produção da Netflix é irresponsável com a forma que trata seus temas dentro da série, mas nesta temporada, ela consegue se superar e mostrar que o erro se combate fazendo um erro maior ainda. Dito isto, ressalto quatro tramas, que poderiam ser muito bem desenvolvidas, mas que são tratadas de forma chocha, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente.
TRAMAS DISPERDIÇADAS
As tramas de Isadora e Sara, que retratam o abuso sexual e o relacionamento abusivo são as piores abordagem que já vi em uma produção audiovisual. O desenvolvimento é prejudicial as causas, não orienta e nem ajuda quem possa está passando por uma situação como essa. Apenas expõe de forma irresponsável.
A dramaturgia têm que servir como uma forma de orientar, alertar e conscientizar o telespectador a certos temas que talvez eles passam em casa e não saiba. Que através dessas discussões as vítimas possam a vir denunciar, se abrir com alguém e ou entender que aquilo que ela esteja passando não é correto e que existe maneiras dela sair daquela situação.
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A forma que esses assuntos são encarados e tratados ao meu ver, são equivocados e sem nenhum compromisso com quem realmente está vivendo esses problemas. Se quer usar de assuntos sérios, precisa tratá-los com a seriedade que eles pedem.
Outro tema que está fora do tom, que mais atrapalha a conversa do que ajuda, é sobre a sexualidade do pai de Iván e de Nico.
Jogadores de futebol gay são pouco, mas existem, então a forma exagerada que a série traz quando Cruz se assume gay e a forma como seus fãs agem, é muito século passado, muito irreal e nada verossímil. Sem falar no final do personagem. Desnecessário.
O primeiro personagem trans da série é vendido como uma pessoa bem resolvida, seus pais os apoiam, tem uma namorada que gosta dele, tudo lindo, maravilhoso, até a página dois. O personagem é desconstruído completamente, jogando sua confiança, autoestima fora, porque se apaixona por uma pessoas que viu ele em dois minutos.
O que esses personagens têm em comum? Todos usam meios duvidosos para resolver suas inseguranças, que acabam deslegitimando suas dores, seus traumas.
POR FIM…
Em suma, além de abordagens equivocadas, Elite parece mais um CSI do que uma trama de jovens estudantes. Todas as temporadas é preciso alguém morrer e ficar no vai e vem até revelar quem foi o felizardo ou o algoz. Está chato, cansativo e cringe.
Até personagens que possuíam carisma, se tornaram apáticos e sem graça nessa temporada. Patrick que o diga. Ari, meu Deus do céu, parece que Heleninha Roitman incorporou nela, pois a bichinha toma uma cachaça lerda. Não sei como não teve cirrose ainda, porque o fígado já morreu a muito tempo.
Portanto, não irei me alongar mais, pois passaria aqui uns 84 anos criticando essa temporada de Elite.
E para finalizar, deixo um recado para gigante do streaming….
LARGA O OSSO MULHER!!!