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COLOMBIA IN MY ARMS é um longa documentário de 91 minutos que nos apresenta um dos momentos mais importantes da história Colombiana. O pós-acordo de paz entre as FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo da Colômbia, firmado em 2016.

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O documentário traz um pouco do que cada pessoa pensa sobre o acordo. Dividido em dois lados, tanto as pessoas que são a favor, quanto as que não. Após 52 anos do conflito armado que existia, vemos de perto como as mudanças ocorrem e como ficou a sociedade colombiana após o acordo.

Colombia in my arms

Cena de “Colombia In My Arms”. | Crédito: Google Imagens.

Os cenários mostrados ao longo do documentário, nos faz refletir em uma parte importante e marcante da história da Colômbia. Com um “ar” mais intenso e impactante, traduzido pela forma como os diretores Jenni Kivistö e Jussi Rastas os dirigiram. “Colombia In My Arms”, foi vencedor do prêmio de melhor documentário nórdico do Festival de Gotemburgo na Suécia.

Nós conversamos com o incrível casal de diretores do documentário, para saber um pouco mais sobre todo o processo de produção do doc. e como foi “conviver” dentro da FARC. Confira abaixo.

Colombia In My Arms

Diretores de Colombia In My Arms, Jussi Rastas e Jenni Kivistö. | Crédito: Agência SOS.

Qual foi o maior desafio na hora de dirigir o “Colombia In My Arms”?

O maior desafio foi o processo de edição. No documentário queríamos ser fieis à nossa experiência e ao que vivemos com os personagens. Pensamos constantemente em questões éticas complicadas durante todo o processo.

Cada palavra e imagem que se escolhe incluir e ou excluir para o filme é uma decisão política e significativa. Também, queríamos contar histórias que se entrelaçam, ao mesmo tempo dando suficiente informação, mas mantendo o documentário como um drama em um alto nível cinematográfico. Ao final, para alcançar o equilíbrio, a edição nos tomou quase um ano.

Depois de tantos acontecimentos políticos durante o período de produção do documentário, qual foi o mais marcante para vocês?

Rodamos na Colômbia por um ano e meio. A princípio sentimos muita esperança de paz transmitida pelos próprios colombianos. No entanto, a atmosfera se tornou difícil e começou a se intensificar. À medida que a incerteza, o medo e a desconfiança aumentaram em todo o país, as pessoas que filmamos começaram a enfrentar desafios.

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A paz já não parecia tão óbvia, e ao final foi difícil ver como a esperança pouco a pouco ia desaparecendo. Para nós a filmagem foi muito intensa e impactante, e sentimos que tínhamos que contar esta história que podia ter importância não apenas agora, mas também a longo prazo para as futuras gerações. Em suma, deve-se conhecer a história para evitar repeti-la.

Quanto tempo durou a preparação da produção?

A preparação e busca de personagens foi um processo constante que ia lado a lado da filmagem. A sociedade colombiana estava enfrentando um momento histórico, e todo o tempo aconteciam eventos importantes. Então para nós era importante seguir filmando, mas ao mesmo tempo avaliar e entender a situação que estava em mudança constante com nossa equipe de pesquisa.

Cena de “Colombia In My Arms”. | Crédito: Google Imagens.

Desde o princípio era claro para nós que íamos criar um documentário polifônico com vozes muito diversas. Como resultado de um processo orgânico de extenso trabalho, bons contatos e afortunadas coincidências, nos encontramos perto de pessoas que se opunham entre si, mas que estavam muito abertos a discutir assuntos delicados com cineastas estrangeiros.

O que os levou a escolher a Colômbia para produzir um documentário?

Apesar de sermos finlandeses, ambos havíamos vivido na Colômbia e América do Sul por vários anos. Viajávamos entre Finlândia e América Latina desde 2005, e sentimos o continente muito próximo e querido. Jenni viveu na Colômbia por sete anos no total, e Jussi viveu no Peru, Chile e Colômbia.

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No entanto, estivemos ao final de 2016 na Colômbia bem na época da assinatura do acordo de paz. Contudo, de repente, nos foi apresentada a oportunidade de filmar em um acampamento de guerrilheiros. Portanto, neste momento pressentimos, que esta viagem nos levaria a rodar um documentário extenso sobre a paz e a guerra, durante o próximo um ano e meio.

A trilha sonora é muito boa, segue os acontecimentos e situações do documentário. Além do som ambiente em muitas partes, torna-se uma marca sonora mais natural. Essas escolhas foram intencionais?

Felizmente trabalhamos com dois talentos dinamarqueses; Rasmus Winther Jensen, que se encarregou do som, e Povl Kristian que compôs a música original. A trilha sonora contém também canções ouvidas pelos protagonistas do documentário no momento das filmagens.

Pensamos que estas canções refletem as realidades dos protagonistas e também a distância entre eles. A música que tocava no acampamento guerrilheiro é em sua maioria composta pelos membros da guerrilha. A música clássica europeia que toca na casa do descendente dos presidentes é realmente a que ele mais gosta e que colocava durante as gravações.

Sobre a fotografia e filmagem. Vocês escolheram utilizar o zoom muitas vezes, assim como o realismo das situações. O que se tornou muito natural e faz com que os espectadores se sintam mais próximos de tudo o que é relatado. Esta forma de filmar era para causar impacto no espectador?

A estética é muito importante para nós. Portanto, usar planos fechados parecia uma decisão natural para gostos artísticos. No entanto, também pensamos que eles têm a capacidade de alcançar um sentimento mais interior. Uma experiência imersiva para o espectador. Em suma, algo que representaria bem as diferentes realidades dos protagonistas.

Colombia in my arms

Cena de “Colombia In My Arms”. | Crédito: Google Imagens.

Às vezes, em geral, um documentário sobre um assunto semelhante está relacionado ao estilo de reportagem e à câmera trêmula, mas preferimos tornar a experiência mais cinematográfica. Claro, essa abordagem requer mais tempo. No entanto, consideramos que o resultado vale o risco.

Além disso, uma imagem maior geralmente contém muito ‘ruído’. Portanto, como apresentamos uma história bastante complexa, é importante não encher a cabeça do público com informações que sejam insignificantes.

O que diriam sobre os principais acontecimentos e situações expostos em “Colombia In My Arms”?

Por fim, o documentário se tornou uma reflexão bastante dura sobre desigualdade, poder e colonialismo. Por meio de cenas trágicas e outras paradoxalmente cômicas. Retrata pessoas que querem o melhor para seu país, mas que podem encontrar argumentos para justificar a guerra sob certas circunstâncias.

Portanto, o documentário permite ao espectador se aproximar de realidades distantes que em um mundo ideal haveria entendimento e se poderia se alcançar uma paz duradoura. Apesar de dar enfoque na realidade colombiana, acreditamos que trata de questões universais, observando de perto a condição contemporânea da humanidade no contexto global.

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Em suma, esse foi um pouco do nosso bate papo super descontraído com os diretores de “Colombia In My Arms”. O documentário está disponível no Prime Video.

Letícia Casarin
Gaúcha, formada em Pedagogia (licenciatura), uma grande fã de cinema e séries. Gosto muito de “maratonar” uma boa obra! Sou apaixonada pelas séries que me envolvem de uma maneira que não me desgrude os olhos da tela e que eu nem sinta que a “maratonei” de uma vez só,... E já estou esperando aquela próxima temporada! Sim! Tá! sou uma viciada em séries! Pronto falei! Também tenho um canal no YouTube (Se Liga Lêe), onde trago muito de cinema e séries! E não esquecendo do meu top né?! A lista é extensa, mas aqui segue as principais séries: 1 - Anne With An E, 2 - Full House/ Fuller House (considero uma só haha), 3 - Jane a Virgem, 4 - Once Upon a Time e 5 - Glee, bom tem mais é claro, mas vou deixar aquele suspense! Pois, amo um suspense!

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