Até os Ossos (Bones and All) leva seu título ao literal, já que caminha pelo canibalismo e apresenta uma história intensa de embaralhar a cabeça. Percorre por uma imersão ao amadurecimento, amor, desejos e pertencimento a algum lugar. A obra é baseada no romance homônimo de Camille DeAngelis.
Dirigido por Luca Guadagnino que gosta de trabalhar com a temática juvenil, como sua produção de Me Chame Pelo seu Nome (2017). E agora com Até os Ossos, que nos traz uma história de amor visceral abordando um terror canibal, uma busca por um lar e sobrevivência.
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No longa acompanhamos a história de Maren Yearly (Taylor Russell) na década de 80. Uma jovem que busca coisas comuns, ser amada e respeitada, mas que esconde alguns segredos e desejos, fazendo-a viver a margem da sociedade.
Logo no início ocorre um “incidente”, Maren morde e arranca o dedo de sua então melhor amiga. Desencadeando alguns acontecimentos que mudará sua vida. Começando pelo abandono de seu pai (André Holland), que deixa apenas uma certidão de nascimento e uma fita gravada relatando sobre sua mãe e outros casos.
BUSCA POR UM LAR
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A partir dos itens deixado pelo pai, Maren descobre onde possivelmente sua mãe está. Então parte em busca de encontrá-la e entender o motivo que a fez ir embora e saber mais sobre seu passado. Assim embarcando em uma jornada por alguns estados dos EUA.
É nessa busca que Maren deixa fluir seus sentimentos e desejos mais profundos. Um mergulho de cabeça em si, tentando entender essa vontade por carne humana e descobrir quem ela é, uma verdadeira busca pelo autoconhecimento.
Durante essa empreitada encontra algumas pessoas com o mesmo gosto peculiar, denominados Devoradores. O primeiro é Sully (Mark Rylance), um devorador mais experiente que a encontra e ensina seus métodos de se alimentar. Posteriormente Lee (Timothée Chalamet), um jovem intenso e desgarrado que vive como quer.
AMOR CANIBAL
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O romance é construído ao longo da trama e não é nada convencional. Utilizando o horror canibal visceral com a descoberta do amor intenso, perigoso e tenso pela estrada entre Maren e Lee. Apesar da química entre eles, suas diferenças colocará o relacionamento em cheque quando todos os caminhos levam ambos para seus passados dolorosos.
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Russell e Chalamet apresentam uma química incrível e excelentes atuações em seus respectivos papéis. Mesclam entre o horror do canibalismo, que está relacionado as manifestações da própria identidade, a descoberta do amor e todos os desafios de uma relação.
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Existe outro interesse por Maren, que é extremamente aterrorizante e protagonizado por Sully. Logo após o primeiro encontro expõe sua história e alguns de seus métodos, como sentir os cheiros e se alimentar. Em seguida demostra um desejo repentino de viver com ela, mas Maren não corresponde e foge assim que pode. Então, se inicia uma perseguição sinistra com um embate final chocante e sangrento.
Mark Rylance rouba a cena e entrega Sully, um devorador que se alimenta de pessoas moribundas. Com uma atuação assustadora e sombria, principalmente quando se refere na terceira pessoa, causando grande desconforto e terror em todos.
PRODUÇÃO
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Até os Ossos tem uma excelente produção, com uma fotografia que está sensacional em seus diversos planos. Uma verdadeira imersão nos ambientes que são apresentados, principalmente nos momentos dramáticos e mais tensos. Juntamente com uma paleta de cores que entrega uma alta qualidade estética.
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A trilha sonora está incrível e envolvente, se encaixando perfeitamente com cada momento. Ainda mais com a combinação da fotografia, somos embalados em uma road-trip. Já que uma boa parte é na estrada e passam por diversos lugares.
POSITIVO E NEGATIVO
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O ponto positivo é o modo como o diretor e roteirista abordam um tema muito difícil como o canibalismo, mas utiliza como metáfora para diversas questões relacionadas a descobertas. Com uma história envolvente, delicada e sim, chocante aos nossos olhos nas cenas mais tensas dos atos canibais.
Outro positivo é o visual e trilha sonora incrível que compõe toda a experiência. Tanto nos momentos pesados causando medo quanto nos leves aliviando a tensão dessas cenas.
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O ponto negativo é não explicar como surgem os Devoradores, simplesmente acontece e não sabemos se é uma predisposição psicológica ou fisiológica. Acabamos optando pela parte fisiológica já que existe algo sensorial em se reconhecerem através do cheiro e sentirem fome de carne humana em períodos específicos.
ENFIM
Até os Ossos é uma mistura de drama com romance e terror violento sobre identidade e amor. Acima de tudo é um filme bom em roteiro, enredo e atuações. Mas, que não vai agradar a todos pelo ritmo lento, arrastado e principalmente pelas cenas de canibalismo. Vale ressaltar que o diretor não foca muito nesses momentos e sim no desenvolvimento, sobrevivência e vida a margem da sociedade dos protagonistas.
É quase impossível assistir e não ficar em choque, tanto com as histórias quanto as cenas viscerais e gore. Porém, não são jogadas simplesmente de forma aleatória, logo utiliza de toda uma história e contexto mesmo que bizarro, mas faz um “certo sentido”