Quem não se pegou cantarolando a música “Desatola Bandida” da nova série da Globoplay, que jogue a primeira pedra. A produção do streaming do plim-plim, parece que virou um hit nacional, sendo aclamada tanto pela crítica especializada como pelo público e, eu posso dizer, que também estou completamente “rensgado” pela Rensga Hits. E nesse texto, eu te explico o porquê.
TRAMA
Trazendo uma trama que envolve o universo sertanejo, a aposta do Globoplay chega mostrando a que veio e dizendo: “vim para ficar”. Com uma combinação perfeita, tanto de elenco, trilha sonora e direção, a série traz uma trama popular, na qual é fácil as pessoas se envolverem. Além de uma trama que prende, a produção traz músicas compostas exclusivamente para a atração.
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A propósito, músicas chicletes, que poderiam ser facilmente comercial e faria um enorme sucesso. Abro parênteses para a época das “empreguetes”, na novela das 19h da Rede Globo, que emplacaram várias músicas, em que o sucesso extrapolou a ficção e chegou também aos rádios dos brasileiros. No entanto, o que chama a atenção na série é sua história amarrada e muito bem interpretada.
ATUAÇÕES
A seleção do elenco foi muito bem feita, não tem nenhum ator fora do tom, todos com suas particularidades, que ajudam na trama e na identificação com o público. Alice Wegmann e Lorena Comparato estão brilhantes como as irmãs que não se conhecem, Raissa e Glaucia respectivamente. Entretanto, seus enredos, a cada episódio, ganham camadas que só fazem engrandecer suas trajetórias.
Deborah Secco vem toda desconstruída com sua Marlene, dona da produtora Rensga Hits, onde traz uma personagem totalmente diferente das que está acostumada a fazer. Uma mulher masculinizada, sem vaidades, com uma expressão corporal meio travada, que dá o tom mais fechado da personagem.
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Fabiana Karla também está excelente no papel de Helena, que é dona da produtora concorrente de Marlene. Helena é o oposto da rival, está sempre bem produzida, maquiada e cheia de brilho.
A trama das duas tem uma revelação muito boa no final da temporada, onde conseguimos entender de onde vem a rixa entre elas, além de terem tido uma química muito boa em cena.
Maíra Azevedo, nunca tinha visto ela como atriz, só conhecia seu trabalho na internet como “Tia Má”, e gostei bastante de seu desempenho. Sua personagem Carol, é mais voltado para o lado cômico da série, mas quando precisa entrar em outras esferas a bicha broca também.
Apesar de todo o elenco ter tramas muito boas, uma consegue se sobressair. Alejandro Claveaux, Devid o Cafajeste e a sua vida dupla. O cantor sertanejo pegador, hétero top, com todo o perfil dos sertanejos de hoje em dia, mas que esconde ser gay. Esse enredo consegue puxar todos os holofotes para si. Brigando, em pé de igualdade, com a trama principal da série.
RELACIONAMENTO HOMOAFETIVO
A trama que envolve Deivid, é muito bem conduzida e muito bem interpretada. A delicadeza que o ator passa e a troca com o ator Samuel de Assis é muito boa. Em menos de 1 minuto já estamos torcendo, vibrando e querendo que eles fiquem juntos para sempre.
Achei muito bom o tom que a autora Bia Crespo escolheu para trabalhar esse tema, mas a conclusão no fim achei que foi um pouco rápida demais. Preferia que a trama trabalhasse um pouco mais as “consequências” dele se assumir gay em um universo machista como o mundo dos sertanejos. A autora esboça essa abordagem, mas em seguida é revertido.
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A reação do público (na série), parece ser uma reação de espanto, negação e também de rejeição, por parte de alguns. No entanto, em questão de segundos o mesmo público que vaiava, aplaudia. Achei um pouco contraditória essa reação, não ficou muito claro o caminho que a autora queria seguir.
Mas a forma como esse tema é retratado é muito boa. Sem medo de mostrar, sem pudores, tratada como se fosse uma cena comum entre héteros. Portanto, algo que deveria ocorrer em qualquer produção. Em suma, estamos em uma outra era e as pessoas precisam encarar o homossexualismo como algo que está presente em nossa sociedade e que devemos respeitar.
POR FIM, MAS NÃO MENOS IMPORTANTE…
Jeniffer Dias é outro acerto na produção, também não conhecia seu trabalho, mas me surpreendeu muito, pois além de boa atriz, tem uma voz belíssima e potente. Maurício Destri e Mouhamed Harfouch estão muito bons em seus papéis, além Guida Vianna e Stella Miranda que apesar de aparecerem pouco, dão um show quando estão em cena.
Um ponto que, apesar de não conhecer muito, preciso enfatizar, é o sotaque de alguns personagens. Amigos goianos quando comentaram sobre a série comigo, disseram que ficou muito forçado, beirando ao caricato. Dito isto, enfatizo aqui a forma de falar do personagem Enzzo Gabriel, de Maurício Destri.
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Em suma, Rensga Hits é sem dúvidas uma excelente produção, que conseguiu trazer uma trama novelesca para o mundo das séries. Conseguindo assim, agradar todos, com ótimas atuações, além de uma trilha sonora de respeito para deixar qualquer High School Musical no chinelo.
Então, pega sua caranga 86 e só vem… Rensga!