O filme “The Flash” foi anunciado em 2016. De lá para cá muita coisa rolou: um filme da Liga da Justiça flopado; a saída de Zack Snyder do comando criativo da DC nos cinemas; Joss Whedon assumindo a direção de “Liga da Justiça” e criando um clima horrível nos bastidores (após Snyder deixar o projeto por problemas pessoais); uma pandemia a nível global; Ezra Miller se envolvendo em polêmicas que culminaram em sua prisão; um quase cancelamento e diversos adiamentos de “The Flash” e, por fim, James Gunn assumindo o controle criativo da DC nos cinemas. Ufa! Foram sete anos que mais pareceram vinte. Que espera interminável, mas que finalmente acabou. “The Flash” acaba de chegar aos cinemas nacionais, mas será que valeu a espera?
TUDO OU NADA
Após tantas polêmicas e desgastes, a Warner investiu pesadíssimo em marketing, como numa espécie de TUDO ou NADA. Como se fosse um dever moral o sucesso comercial do filme. Verdade seja dita, todos esses fatores anteriormente citados culminaram no desgaste da imagem do filme e do próprio universo cinematográfico da DC. Ainda assim haveria sobrevida para este filme em um cenário tão apocalíptico? A resposta é SIM. “The Flash” entrega QUASE tudo aquilo o que promete.
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No longa, Barry Allen (Ezra Miller) usa seus superpoderes para viajar no tempo e mudar eventos do passado que desencadearam a morte de sua mãe. Porém, Barry acaba preso em uma realidade na qual o General Zod (Michael Shannon) está de volta e prestes a acabar com a humanidade. O agravante é que não há uma Liga da Justiça para auxiliá-lo a deter o vilão. Contudo, Barry acaba descobrindo um Batman (Michael Keaton) muito diferente daquele que ele conhece e terá que convencê-lo a sair da aposentadoria para resgatar um kryptoniano preso e assim serem capazes de enfrentar Zod, salvar o mundo e retornar ao universo ao qual pertence.
FLASHPOINT, O PONTO DE IGNIÇÃO
“The Flash” é baseado no arco das histórias em quadrinhos “Flashpoint” (ou “Ponto de Ignição”). E quando falamos de uma adaptação, vocês devem imaginar que não se trata de uma obra totalmente fiel ao material original. O plano de fundo está ali, mas há espaço para uma série de liberdades criativas. As motivações de Barry são todas plausíveis e o enredo é a certa altura “redondo”, mas à medida que vai se desenvolvendo, em especial em seu clímax, uma série de pontas soltas vão ficando pelo caminho. E quanto mais você entra em discussões sobre o filme, mais pontas soltas você encontrará.
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Todavia, “The Flash” acerta demais ao trazer um enredo cativante que fala sobre amor familiar e sacrifícios. A relação de Barry com sua mãe (Maribel Verdú) convence e emociona. A trindade formada por Flash, Batman de Michael Keaton e Supergirl (Sasha Calle) é o ápice do longa (funcionou demais).
Entretanto, precisamos falar sobre Ezra Miller… 2022 não foi um bom ano para o ator, uma série de problemas com a justiça e manchetes negativas publicadas nos tabloides provocaram o seu cancelamento na internet, porém deixando de lado essas questões pessoais (mesmo sendo difícil de separar), é digno de nota o excelente trabalho realizado por ele aqui. “The Flash” permite o desenvolvimento do personagem que não fora possível anteriormente. Além disso, aqui o ator interpreta duas versões de seu Flash e consegue interpretá-los de formas tão únicas que é difícil manter um eventual ranço que tenha sido criado nos últimos anos.
ÓTIMO FILME, PORÉM SEM PROPÓSITO
“The Flash” está repleto de humor com piadas genuinamente engraçadas e bastante ação. Um tom que se encaixa perfeitamente entre o meio termo do sombrio e o divertido. É claro que o longa não consegue trazer novidade alguma no que concerne a longas-metragens de super-heróis que abordem o multiverso.
Embora tenha sido anunciado antes de qualquer um deles (lá em 2016), “The Flash” chegou tardiamente, apenas em 2023, então basicamente tudo o que poderia ser apresentado como novidade, já fora explorado na Marvel. O que podemos, ao menos, destacar é o aprimoramento de pontos vistos em “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” ou “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” que aqui são melhor trabalhados, por exemplo. A tradicional cena do velocista em câmera lenta que era novidade lá em 2014 com “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” também é trazida aqui com zero impacto, embora divertida.
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O grande problema de “The Flash” é que, assim como “Shazam! Fúria dos Deuses”, o longa parece perdido em meio a um futuro nebuloso do universo cinematográfico da DC. Afinal, o longa foi concebido como um encerramento para o universo criado por Zack Snyder ou seria um novo começo para o universo que será comandado por James Gunn? Isso não fica claro, o que parece tornar o longa sem propósito algum. Ademais, os efeitos visuais de “The Flash” deixam muito a desejar para um filme orçado em cerca de US$ 220 milhões.
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Cabe ressaltar que o filme passou por refilmagens e teve uma intensa campanha de marketing, o que corrobora para um orçamento tão inflado, mas ainda assim há cenas que nos remetem ao que tanto criticamos na Marvel recentemente.
VALE A PENA CONFERIR?
Em suma, “The Flash” é divertidíssimo e acima da média se comparado a alguns lançamentos recentes do subgênero de super-heróis, porém entrega MENOS do que promete principalmente no fator IMPACTO. Dado seu tempo de concepção, o que poderia ser ÉPICO ficou no patamar de MUITO BOM. De forma alguma decepcionará aos fãs, mas as expectativas altíssimas em torno do longa acabam por deixar aquela sensação de que “faltou algo”.
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