Os streamings, certamente, mudaram a forma de assistir filmes e séries.
No século XXI, as coisas ao toque de um dedo, o fácil acesso a qualquer tipo de conteúdo, o acesso à internet e os os streamings, nos permite estar sem realmente estar, nos permite ser sem ao menos tentar ser e isso pode ser bom como também ruim.
Me lembro da sensação de poder assistir uma série e ficar intrigado durante uma semana para poder saber o que aconteceu com aquele personagem, aqueles finais angustiantes que deixavam até o cabelo que nem sabíamos que existiam em pé.
leia também: OS 13 PORQUÊS: RAIO NEGRO
Tenha vivo na memória a sensação que o domingo me dava. Das onze da manhã até ás três, quatro horas da tarde (não me recordo bem), o prazer em estar em casa deitado no sofá assistindo a Smallville, seguido de KYLX, passando por The O.C. Me deixava com com a sensação de satisfação e de emoção, sabia que a semana estava acabando e que na segunda tudo começaria de novo e eu rezava para poder chegar o domingo e assistir a um novo episódio, onde talvez Lana Lang pudesse, enfim, dar um beijo em Clark Kent, mas não acontecia e tudo se repetia novamente.
A forma de se ver séries mudou, e muito com o passar dos anos. Se antes tínhamos que esperar uma rede de televisão comprar os direitos de transmissão, para que pudéssemos assistir e acompanhar semanalmente um episódio por dia. Hoje temos tudo a um toque, literalmente um toque. A Netflix revolucionou a forma de assistir séries, a forma de consumi-la e ditou como devemos recebê-las.
Mas será que essa mudança e boa ou ruim?
leia também: FRIENDS: É real! Elenco se reunirá em especial para a HBO Max
Me lembro também, quando a Rede Globo começou a anunciar em sua programação uma série. Um avião caia em uma ilha, cheia de mistérios e que os sobreviventes teriam que desvendar esses mistérios para tentar sair de lá. Lost, era o nome, série famosa mundo a fora e não foi diferente aqui no Brasil.
Depois do primeiro episódio que passava logo após o Jornal da Globo, (tarde pra caramba). As pessoas, no outro dia, não paravam de comentar sobre aquela série que só havia passado um único episódio e que todos já queriam que chegassem à noite para assistir ao próximo, e comentar novamente.
leia também: confira 13 razões para assistir LOST
Esse arrebatamento de uma série, onde a população se envolvia e que precisava esperar para saber o desfecho, criava-se uma expectativa e fazia com que a gente criasse teorias para saber o que ia acontecer. No entanto, essa sensação acabou, não existe mais essa loucura, temos exceções, mas que são passageiras.
Com a chegada da Netflix, a possibilidade de ter todos os episódios de uma série no mesmo dia, mudou o gosto e o desejo das pessoas. Depois disso, uma produção semanal é considerada chata (para muitos), pois não te prende. Você não sabe se vai poder assistir semana que vem, ou se vai se lembrar de assistir. E quando se tem tudo de uma vez, você tira um tempo para destinar aquele momento e faz o que nós chamamos hoje de maratonar.
Leia também: STREAMING, STREAMING MEUs
Mesmo com o advento das plataformas de streamings, alguns canais como a Warner e a HBO ainda se mantem firmes com a programação semanal de suas produções. E isso não tirou o mérito de suas obras, que continuam sendo recorde de audiência em canal fechado. Prova disso é o grande sucesso de Game Of Thrones e recentemente His Dark Materials, por exemplo. Além disso, os sucessos de Riverdale e as séries de heróis da DC, na Warner, é outra prova que o formato ainda não perdeu fôlego. A estreia da terceira temporada de Westworld, da HBO, foi um recorde de audiência na TV fechada.
leia também: 13 motivos para assistir The mornig show, o novo sucesso da Apple TV+
Aonde quero chegar é que o valor das coisas estão se perdendo. Assistimos séries e filmes como se fosse osmose e apenas assistimos, e esquecemos dos sentidos, dos momentos e das emoções que cada produção pode nos dar.
Em suma, hoje eu reassisto Smallville, The O.C, Eu a Patroa e as Crianças e entre outras, e me trás nostalgia e recordações de determinados momentos, no qual não iremos capturar se continuarmos sendo apenas cobaias de entretenimento.