We Are Who We Are (Nós Somos Quem Nós Somos) estreou nesta segunda (14) pela HBO. O show é a primeira série de TV produzida e dirigida por Luca Guadagnino, nome por trás da premiada adaptação “Me Chame Pelo Seu Nome”.
Dessa forma, o que não faltou ao piloto foram semelhanças, referências e a sensação de familiaridade entre a série e o longa. Ali estava a produção de um mini universo peculiar, nesse caso a base militar americana na Itália. Além disso, a experiência sensorial causada pela mistura entre sons, imagens e expressões também marcaram o estilo de Guadagnino.
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“We Are Who We Are” narra a vida de adolescentes que vivem em uma base militar americana, na Itália. Assim sendo, é possível observar a tentativa de conflitar as duas culturas. Nesse caso, vemos a ordem americana confrontada pela liberdade italiana. O espectador consegue notar esse recurso no momento em que Britney revela a Fraser que fora da área militar havia mais liberdade.
Inicialmente, somos apresentados a Fraser Wilson (Jack Dylan Grazer), um adolescente de 14 anos, criado por duas mães e que é obrigado a mudar de país. Além disso, o episódio revela que o garoto deixou para trás alguém muito importante, Mark. Porém, ainda não é clara a relação de Fraser com o saudoso “amigo”.
Fraser é a peça que traduz a confusão e angústia de ser adolescente. Com frases como: “Eu estou morto por dentro”, o personagem é perfeito na função de retratar a adolescência na atualidade. Além disso, o personagem lida com um relação, no mínimo estranha, com suas duas mães, com possíveis problemas com o álcool e com questões ligadas a sexualidade.
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Ainda sobre o protagonista, vale elogiar a ótima atuação de Jack Dylan. Fraser é repleto de particularidades, tanto físicas, quanto emocionais. O inquietamento impresso no personagem, pelo ator, chega a ser perturbador. O modo como o personagem dança, sente, anda, interage, olha, é hipnotizante. Assim sendo, temos em Fraser, a figura mais interessante até aqui, mérito, em grande parte, do intérprete.
No entanto, se pudemos realizar uma leitura complexa sobre o personagem central, o mesmo não ocorre com os demais. Dessa forma, a sensação passada pelo piloto é a de que Fraser está cercado de personagens sem personalidade, ou simplesmente rasos, se comparados a ele.
Além disso, a falta de destaque à personagem Caitlin (Jordan Kristine Seamon), a outra protagonista da trama, também surpreende. Afinal, a amizade entre Caitlin e Fraser é a base da premissa narrativa da série. Porém, acredito que isso se deva a estrutura da temporada, que provavelmente, dará maior foco a um personagem por vez, como feito em Euphoria.
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Já que falamos em Euphoria, é preciso destacar outra semelhança entre as produções: a nudez frontal. Assim como em Euphoria, We Are Who We Are, não se detém em ousar ao mostrar corpos nus. Em seu episódio piloto, a série já apresenta um festival de pênis, ao Fraser entrar em um vestiário masculino. A cena é bem semelhante ao momento em que Nate (Jacob Elordi) entra, também é um vestiário, no segundo episódio de Euphoria.
Semelhanças à parte, a estreia de We Are Who We Are foi bastante promissora. No entanto, é preciso cuidado com a sensação de total desconexão causada pela pegada mais conceitual do show. Ou seja, é provável que parte do público se sinta confuso em meio a todos os acontecimentos mal (ou não) explicados. Assim sendo, há a possibilidade de fuga de espectadores acostumados a uma narrativa mais semelhante à séries como “Elite” ou ” Control Z“.