We Are Who We Are 1X02 foi lançado na última segunda feira (21). Com isso, uma pergunta pairou sobre nossa cabeça. A amizade do pop, que todos esperávamos, enfim nascerá?
ANTERIORMENTE | REVIEW WE ARE WHO WE ARE 1X01
Já respondendo a esse questionamento: Sim, provavelmente! Por isso, já podemos esperar mais cenas de Fraser (Jack Dylan Grazer) e Caitlin (Jordan Kristine Seamon) nos próximos episódios. Aliás, o teaser do próximo episódio já exibiu cenas dessa aproximação.
Porém, vamos nos ater ao nosso episódio da semana. Neste, o foco é Caitlin. Dessa forma, todo o episódio é produzido a partir da sua visão dos fatos. Por exemplo, podemos notar inúmeras cenas já exibidas no episódio piloto. Porém, neste, nossos olhos eram os olhos de Caitlin. Assim sendo, neste capítulo, Fraser foi tão coadjuvante quanto os demais.
A estratégia é interessante e se diferencia do recurso usado em “Euphoria”, série da mesma emissora. Isso, porque ambas apresentam um personagem por vez. Porém, em We Are Who We Are isso ocorre através de uma visão mais particular, enquanto na trama protagonizada por Zendaya, a visão era sempre da protagonista.
LEIA TAMBÉM | ELITE 3 – CRÍTICA E NOTAS PARA CADA PERSONAGEM
Sobre Caitlin, nossa protagonista da vez, posso classificar sua “introdução” como promissora. Porém, alguns recursos acabaram deixando essa apresentação um tanto confusa. Por exemplo, podemos citar a confusa família da jovem. São todos tão jovens e semelhantes, que há certa dificuldade de assimilar os parentescos.
No entanto, apesar da confusão inicial, podemos visualizar a densidade da trama de Caitlin. Imersa em uma família inconformada por abandonar seu país, a moça cresce cheia de peculiaridades, que formam seu forte caráter. Ainda sobre sua família, vale destacar o eminente conflito entre ela e seu irmão Danny. O garoto se mostra apegado a preceitos religiosos que vão contra os desejos escondidos por Caitlin.
Além disso, a mãe da moça parece sempre implicar com modos masculinos executados por ela. Por fim, fechando o núcleo familiar da futura amiga de Fraser, temos o pai dela. Aí está o motivo da minha confusão. O ator aparenta ser jovem demais, podendo facilmente ser confundido com um dos filhos de seu personagem. Porém, pelo que vimos no episódio, ele é quem Caitlin mais ama.
LEIA TAMBÉM | REVIEWS – RIVERDALE
Porém, esse arco envolvendo pai e filha, pode se tornar problemático. Isso, porque pode ficar subtendida uma certa relação entre esse espelhamento e o fato da personagem se identificar com o gênero masculino. Com isso, essa “torta” e popular “explicação”, poderia comprometer a importância do tratamento desta temática.
Há mais uma relação, envolvendo Caitlin, apresentada no episódio. A relação com o namorado, Sam. Podemos notar que há certo desequilíbrio sentimental nesta relação. Enquanto Sam tenta forçar uma primeira vez, Caitlin parece estar desconfortável com a relação. Ou seja, é uma relação possivelmente condenada, que ainda pode render muito ao show.
Por fim, falemos de uma forma geral, da grande personagem apresentada no episódio. A partir das lentes opacas de Guadagnino, pouco pudemos entender de Caitlin. Porém, também podemos afirmar que muito aprendemos sobre a personagem e seu deslocamento, disfarçado de facilidade de entrosamento.
Caitlin é uma garota confusa, como qualquer outra garota adolescente. Além disso, como já dito, lida com uma mãe incompreensiva, um irmão religioso, um pai amoroso e um namorado, um tanto possessivo.
LEIA TAMBÉM | REVIEWS – BATWOMAN
As cenas em que a personagem tem sua primeira menstruação, lida com o ciúme do namorado, flerta com uma garota no bar. Ou ainda, as, em que, se veste de garoto, muito revelam de sua personalidade. Ao mesmo tempo, que muito confundem nossas certezas sobre ela.
Caitlin é forte, mas também é frágil. Matura e imatura ao mesmo tempo. Sem dúvidas é uma personagem complexa, muito bem introduzida neste segundo episódio. Nos resta esperar os próximos episódios para acompanhar a aproximação da personagem com Fraser. Até porque, essa série nasceu para contar sobre essa amizade.
P.S: Vamos aplaudir a magnífica direção e escrita de Lucas Guadagnino, que nos proporcionou a cena em que Caitlin tenta ler, enquanto ouve homens relatando um estupro coletivo. A mistura entre a tentativa de leitura e a narrativa repugnante é tão crua e impactante!