Hey…YOU, você mesmo, que estava de bobeira no Instagram e clicou nesse link porque está completamente envolvido(a) na doentia história de Joe Goldberg, que decidiu ler um pouco mais sobre, ouvir outras opiniões, ler sobre detalhes que você não conseguiu enxergar. Isso, VOCÊ está no lugar correto. Aqui falaremos um pouco sobre o que achamos da segunda temporada de “You”, que estreou na última quinta (26), como um esperado presente de natal na sua tela.
Definitivamente “YOU” é daquelas séries que facilmente poderiam ter apenas uma temporada, pois seu arco é perfeitamente encerrado ao fim de seu primeiro ano. Então, muitos de nós talvez nos perguntemos se realmente havia necessidade de uma nova temporada. Se o público embarcaria em uma nova jornada de muito amor e sangue, em que casualmente (ou não), o nosso sociopata protagonista se envolveria. Todas essas respostas vieram com a estreia do segundo ano do drama.
Provando que tinham muito mais a mostrar sobre esse personagem tão odiável e carismático, os produtores batalharam nosso sim e entregaram uma continuação digna de elogios. Sem pretensão alguma de fugir de julgamentos que afirmem uma possível repetição, You traz Joe em situações muito semelhantes às que estava envolvido na temporada inicial. Isso é fácil de se notar, basta observar que novamente Joe está obcecado por uma linda e aparentemente doce e inocente mulher. Também está cercado de frágeis pessoas, que ele julga desprotegidas e que instigam o mocinho super protetor que há dentro de si. Para que fique mais evidente, traçando uma linha comparativa temos Love na função de Beck, assim como Ellie e Dalilah na função que exercia Paco, e todas as pessoas que cercam Love, como as possíveis vítimas da loucura de Joe.
É claro que nem tudo foi perfeito. Alguns elementos poderiam ter rendido bem mais, como a volta repentina de Candace, o primeiro amor de Joe. A personagem surgia como uma possível esperança de vermos Joe pagar por seus pecados. No entanto o que vimos foi uma mulher desacreditada por todos, com muita coragem, porém pouca inteligência e interpretada um tom desconfortável por Amby Childers, que não estava nada bem como Candace, tanto por culpa da trajetória falha de sua personagem que sumia e aparecia com objetivos nada claros, quanto pela atuação um tanto exagerada da atriz. Outro ponto fraco são as fáceis soluções, como todo o poder atribuído aos Quinn, que pareciam intocáveis, mesmo perante a lei, o que não é tão irreal, mas no contexto da série pareceu inverossímil.
No entanto, o que pretendo salientar aqui é a capacidade dos roteiristas em usar elementos tão semelhantes aos usados anteriormente e entregar uma narrativa tão distinta, cheia de conflitos, envolvimentos e desdobramentos que cumprem a missão de soar como algo novo. Acredito que não seja simples iniciar uma nova temporada de um drama eliminando todos os personagens da temporada anterior, preservando apenas o protagonista, que como vimos, tenta começar uma nova vida, em um novo cenário e com a fé em si mesmo e na sua mudança anterior.
You é a prova viva de que o público já não se interessa por personagens facilmente odiáveis ou ainda totalmente amáveis, e quando falamos de Joe, essa discussão toma proporções ainda maiores, ao passo que este foge de qualquer tipo pronto. Interpretado sob medida por Penn Badgley, que merece todos os elogios possíveis por sua excelente atuação e entrega, Joe é um personagem que ultrapassa qualquer limite da controvérsia, pois através do ótimo recurso da narração de pensamentos do personagem, o conhecemos intimamente, temos acesso a todas as suas motivações, de uma forma torta entendemos toda a verdade que ele acredita, toda a bondade que ele genuinamente acredita ter.
Sobre seu envolvimento com Love, creio que foi ainda mais bem trabalhado que seu amor por Beck ou Candance. Tudo parece ser tão natural, beirando a concepção de destino, até entendermos que Joe manipula tudo, mesmo que involuntariamente. Todo o desejo que parte do protagonista de se tornar um bom homem, um homem digno do amor de Love, o leva a ter atitudes nobres, como o instinto de defender Ellie, ou ainda de cuidar de Forty, irmão de Love. Tudo por acreditar que isso o tornaria merecedor de amar. Assim como na temporada anterior, nos pegamos torcendo para que Joe/Will se safe de qualquer problema e que consiga realizar seus objetivos. Os flashbacks que trouxeram um pouco mais da infância sofrida de Joe também contribuíram para humanizar o personagem, que se elevou a qualidade de um anti-herói digno de torcida, mesmo que nós espectadores saibamos que o certo seria torcer exatamente pelo contrário.
Para finalizar, podemos afirmar com toda certeza, que assim como a primeira, a segunda leva de episódios de “YOU”, se mostra envolvente, complexa, dinâmica, com certeiras atuações, com destaque para Victoria Pedretti, que construiu uma complexa e inconstante Love, além de Jenna Ortega e James Scully, que interpretaram respectivamente Eliie e Forty, que abriram um leque de possibilidades de desenvolvimentos que foram além do drama que rodeia Joe e foram peças fundamentais durante toda a temporada. Além de tudo isso, “YOU” preserva em seu segundo ano, talvez sua melhor e mais fundamental característica, que sem dúvidas é a capacidade de mexer com o julgamento de seu público, que se vê diante de um sociopata capaz de cometer monstruosidades, dignas de repulsa, mas que mesmo assim enxergam-se com um desejo tímido e vergonhoso de justifica-lo a qualquer custo, seja por seu charme, sua sombria trajetória, ou apenas pelo entendimento do poder que um sentimento possa ter sobre um ser humano…O sentimento? LOVE.