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3%  estreou no dia 14 de agosto sua quarta e última temporada. A série é a primeira produção original Netflix, no Brasil. Assim sendo, o vou te falar um pouco do que achei dessa última temporada.

DA PREMISSA AO DESFECHO
Imagem de divulgação da série 3%. Crédito | Netflix

Imagem de divulgação da série 3%. Crédito | Netflix

O show narra um futuro distópico, em um Brasil, onde apenas 3% da população tem direito a uma vida digna, vivendo em uma sociedade chamada de Maralto. Ao passo que, a escória da sociedade, os 97%, precisa  viver em um mundo sem perspectivas, marginalizado, onde ao completar vinte anos tem uma chance remota de passar para o lado da elite. No entanto, para isso os jovens precisam se submeter a provas e humilhações. No caso de reprovação, são fadados a viver o resto de sua vida na miséria e na pobreza.

Em seu último ano, 3% nos entrega uma série digna de grandes produções americanas, com alguns deslizes, mas que não invalidam sua qualidade. Com um ritmo ágil e instigante, a produção chega ao fim fechando todas as pontas que estavam abertas.

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Porém, apesar de construir ao longo das temporadas, personagens que desconfiam até da própria sombra, neste quarto ano, vemos que os mesmos não são fiéis ao que pregavam.

Com metade da causa indo até o maralto em um convite de tentativa de paz, os excluídos da concha o vêem como uma oportunidade de destruir o sistema por dentro, como um “Cavalo de Troia”.

Dessa forma, nossos “rebeldes” se mostram fracos, burros e facilmente deslumbrados, com exceção de Rafael (Rodolfo Valente). Isso acaba sendo desinteressante, por demonstrar a necessidade do show em emburrecer seus personagens, para fazer com que a série se desenvolva.

ACERTOS E ERROS NO ELENCO
Cena da série 3%. Crédito | Netflix

Cena da série 3%. Crédito | Netflix

3% conseguiu formar um elenco muito bom, com grandes atores como Laila Garin (Marcela), Celso Frateschi (Old Man), Rafael Lozano (Marcos), Cynthia Seneke (Glória), Ney Matogrosso (Leonardo), Fernando Rubro (Xavier) e Amanda Magalhães (Natália). Sinto que Zezé Motta (Nair) é pouco aproveitada. Uma atriz com sua qualidade não pode ter apenas participações.

Em sua última temporada a produção mais uma vez mostra que a protagonista da série é Joana (Vaneza Oliveira) e não Michele (Bianca Comparato). Isso fica mais claro pela personagem ganhar mais tempo de tela, se tornando mais memorável do que a própria protagonista.

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Porém, apesar deste fato, Bianca Comparato, enfim achou o tom de sua personagem (pena que no fechar das cortinas), entregando uma atuação mais verossímil e de total entrega.

Em contra partida, Rodolfo Valente (Rafael) permaneceu na mesma, entregando um personagem meio acima do tom que seu personagem pedia, optando por uma linha caricata e afobada.

PARALELOS COM NOSSA REALIDADE ATUAL

Cena da série 3%. Crédito | Netflix

Neste fim, podemos constatar com o personagem André (Bruno Fagundes), certa semelhança à nossa realidade. Ao chegar no poder, o personagem não consegue escutar os outros. Somente o que ele diz e pensa é o certo (qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência).

Em paralelo, a parte religiosa, em que se usa da palavra de Deus para se aliar a lideranças ruins, mesmo que isso signifique prejudicar seus fieis, temos também. Fora a questão de que poucas pessoas têm muito e muitas pessoas têm pouco, algo que está sempre em pauta na nossa sociedade.

PALAVRA FINAL

Imagem de divulgação da última temporada de 3%. Crédito | Netflix

Utilizando-se de muitos efeitos especiais, a última temporada de 3% destaca-se por trazer uma série fantasiosa e com elementos que não estamos acostumados em produções nacionais. No entanto, a série peca em alguns momentos, como no caso da explosão de submarino.

O desfecho fugiu um pouco da lógica. Apesar de seu último episódio ter mais de uma hora, ficou a sensação de que faltava algo. O fim do vilão foi um tanto decepcionante. Parte dos personagens se conformou muito rápido com seus finais, não condizendo com suas trajetórias. Dessa forma, o final foi carregado de soluções rápidas para problemas complicados. A impressão que fica é a de que mais um episódio resolveria esse problema.

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Com uma narrativa interessante, personagens fortes e uma boa premissa, 3% se destaca como um das grandes produções nacionais e que merece ser valorizada por nós brasileiros. Além disso, seu êxito serve como uma prova de que nosso complexo de vira-lata precisa ser exterminado urgentemente.

O apelo final é que valorizemos nossas produções, para que, não só a Netflix, mas também outras plataformas de streaming produzam mais conteúdos nacionais de qualidade. Para que assim, possa se investir em outros gêneros que fujam das temáticas crimes, prostituição, favelas e afins, e que enxerguem potencial para criarem coisas novas, diferentes, como 3%.

ASSISTIMOS! E AÍ?: 3% TEMPORADA FINAL

8.5

Flávio Santana
Publicitário, geminiano apaixonado pelo mundo Geek. Filmes de terror e suspense sempre caem bem, mas o mundo fantástico me faz viajar. Dito isto, Harry Potter é meu Universo preferido.

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