Corrupção, bandidos, favela, milícias e Rio de Janeiro são comuns em produções brasileiras, e não seria diferente em “A Divisão”. A série original Globoplay traz todos esses elementos, mas acrescenta um novo tópico central neste pacote, o sequestro.
Rio de Janeiro se encontra acuado por uma onda de sequestros na década de 90. As forças de segurança convocam agentes corruptos e um delegado com fama de genocida para salvar a cidade dos bandidos e até da polícia.
a divisão – primeira temporada
A série trás episódios dinâmicos e ágeis que te envolve desde o primeiro momento. Ambientado no Rio de Janeiro, a produção busca trazer locações não convencionais que agregam ainda mais a produção, onde ajuda a se desvincular de outras produções do gênero.
A Divisão chega sem espaço para amadores e vem com um elenco recheado de atores experientes e conhecidos do grande público. Sílvio Guindane (Delegado Mendonça) famoso por papeis cômicos, nos entrega uma de suas melhores atuações, trazendo momentos de muita tensão no qual lhe pede uma carga dramática muito alta e que é entregue com maestria. Erom Cordeiro (Santiago) divide o protagonismo com Guindane e traz também um de seu melhor trabalho, com um personagem complexo e cheio de camadas.
Além dos atores já citados temos também no elenco Vanessa Gerbelli, Natália Lage, Marcos Palmeiras, Hanna Romanazzi, Rafaela Mandelli, Erom Cordeiro e grande elenco.
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Dos grandes nomes citados Vanessa Gerbelli, que é uma grande atriz ficou um pouco de escanteio, mesmo estando em um dos núcleos centrais da história (ela é a mãe da filha sequestrada do Governador) e apesar de aparecer algumas vezes em cena ela quase não tem falas (se juntar tudo o que ela diz não forma uma frase).
Um ponto que passou como foguete foi a quebra dos sequestros no RJ. A forma usada demonstrou algo fácil e rápido. Eu entendi que os contatos de Santiago como os bandidos em seu esquema ajudou a combater, mas a concepção foi muito rápida. Contudo, acho que deveria ser um pouco mais elaborado, no entanto, é algo que não quebra o encanto da série.
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“A Divisão” consegue trabalhar o suspense e a adrenalina, mesmo que nós já saibamos quem são os envolvidos com o sequestro. A produção traz cenas forte de tortura e morte, com cenas bem dirigidas e coreografadas, onde contribui e muito para passar a verdade.
A quantidade pequena de episódios é um acerto na série, pois somente o que é necessário e mostrado, evitando barrigas e coisas desnecessárias que não contribuiriam para o andamento dos episódios. A primeira temporada de “A Divisão” possui apenas cinco episódios de quarenta minutos, que passam tão rápidos que nem percebemos.
a divisão – segunda temporada
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O segundo ano de “A Divisão” traz Santiago e Mendonça tendo que enfrentar as consequências dos problemas da primeira temporada, buscando novas alianças em um jogo de gato e rato, onde nem sempre o caminho escolhido é o certo.
A segunda temporada traz um ritmo mais tenso e com menos cenas de ação, se comparado com a temporada anterior. Contudo, continua com a mesma agilidade do primeiro ano.
A série tem baixas significativas em seu elenco, com a saída de Marcos Palmeiras e Natália Lage. Em contrapartida, a série traz novos rostos, Alex Nader (Gil) e sua parceira Branca Massina (Lavínia).
Na primeira temporada havia criticado o fato do mau aproveitamento de Vanessa Gerbeli, onde quase não falava, mas neste ano a atriz aparece mais e começa a ter uma significância dentro do enredo.
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O jogo político está mais presente e as cartas da manipulação estão mais explicitas. A trama traz uma guerra civil entre Mendonça e Santiago, onde o ex-mineiro, que tem contato direto com traficantes, se deixa iludir e persuadir com as propostas do Governador (Dalton Vigh) e sua Secretária Ingrid (Rafaela Mandelli), enquanto Mendonça enxerga que tudo isso pode acabar mal e que eles não passam apenas de peças em um tabuleiro de xadrez que a qualquer momento podem ser descartados. Além disso, os dois são investigados pela corregedoria que está atrás dos culpados pela morte de Benicio e seu capanga e querem provar a culpa dos dois.
Nessa temporada não podemos deixar de elogiar novamente a atuação de Silvio Guindane, onde a cada episódio nos apresenta um show de atuação, Rafaela Mandelli com sua secretária sem escrúpulos e Erom Cardoso.
A troca do filtro nesta temporada foi um ponto super positivo. Algo pequeno aparentemente, mas que fez muita diferença, além de que os atores não aparentarem sempre estar sujos e suados.
Em suma, a série deixou um gancho interessante para uma próxima temporada, onde podemos ter uma guerra maior. Contudo, arrisco a dizer que não me surpreenderia se Santiago, Mendonça e Lavínia se juntassem aos bandidos para enfrentar o governo.