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Hoje vamos voltar um pouquinho no tempo, para falar sobre uma série dos anos 2000, “A Sete Palmos”. Uma produção original HBO, que estreou em 2001 mas, que segue atual e necessária nos dias de hoje.  Trazendo em seu enredo uma família que trabalha como agentes funerários, o show traz muitas reflexões sobre vida e morte. Permeando em um drama familiar que emociona e permite nos auto avaliarmos como indivíduos e sociedade. 

Que a arte imita a vida ou vice-versa, já sabemos! Entretanto, aqui, este fato entra de forma proposital pelo criador da série. Um fato pessoal, não só o motivou a criar a série como foi incorporado na trama. Na vida real, Alan Ball (um dos autores da produção) sofreu um acidente de carro, onde presenciou a morte de sua irmã Mary Anne. A cena da morte de Nathaniel é inspirada neste momento triste da vida de Alan.

O ENREDO

A Sete Palmos, consegue ser mórbida e delicada ao mesmo tempo, trazendo um humor ácido na medida certa. Abro um parêntese aqui para comentar:

(A forma como os americanos lidam com os seus mortos é uma questão interessante para nós brasileiros. A condução dos trâmites de sepultamento é completamente diferente dos nossos. Com isso, conseguimos entender mais sobre o porquê deles levarem dias para enterrarem seus mortos. Ela nos mostra também, como o desejo do falecido tem muita importância na hora do preparo do funeral. Um momento cultural antropológico muito interessante.)

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Além dessas questões de curiosidades A Sete Palmos te dá uma real construção de personagens. Muitas questões nos envolvem de uma forma, como se estivéssemos fazendo parte daquilo tudo. Contudo, em momentos, queremos abraçá-los, em outros queremos bater, fazendo com que fiquemos totalmente entregues aquelas estórias.

A Sete Palmos, foi lançada em um período que os episódios saiam semanalmente. No entanto, apesar de estar totalmente finalizada e disponível na HBO Max, recomendo que veja com calma. Trata de uma série densa, pesada, com temas fortes, depressivos e que, se consumi-la compulsivamente, pode trazer um desgaste emocional . (Digo isso, pois maratonei, e quando cheguei na terceira temporada, já estava exausto emocionalmente). 

TABÚS
Elenco de A Sete Palmos

A série da HBO é uma produção que não tem medo de se arriscar. Desde o seu tema principal, onde traz  uma família de agentes funerários. Até em seu protagonista, um homem gay, onde naquela época, ainda se era um tabu e a “tolerância” por pessoas homossexuais eram baixas. 

A abordagem LGBTQIA+, eu enxergo como um ponto positivo. A série foge da caricatura do gay afeminado, engraçado e traz um personagem com personalidade.

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O sexo na terceira idade é abordado de forma respeitosa e com uma mensagem importante. Mulheres podem ter uma vida sexual ativa, mesmo despois de certa idade e mesmo depois de se tornarem viúvas. 

As temporadas são coesas e bem amarradas. A cada novo ano, podemos acompanhar a evolução pessoal e coletiva de cada personagem. A terceira temporada para mim foi a mais difícil de acompanhar. Não só pelo fato que citei acima, mas pelo fato de termos uma das personagem mais chatas, insuportáveis e irritantes da história das séries. 

PERSONAGENS
Elenco de A Sete Palmos da HBO

A personagem de Lisa (Lili Taylor), meu pai amado, é um porre dos brabos. Uma personagem frustrada com a vida, solitária e que se casa com Nate Fisher (Peter Krause) apenas por causa da filha que vão ter. Nada está bom, nada presta, tudo tem que ser do jeito dela e juntando com o peso da série, se torna uma prova de fogo.

A quarta e a quinta temporada são como uma surra emocional. Nos faz passar por estágios de sentimentos, em que nos pegamos refletindo sobre o quanto podemos dizer que estamos “bem” fisicamente, mas destruídos emocionalmente. 

Michael C. Hall é sem dúvidas um ator excepcional, e para aqueles que só o conhecem por “Dexter” deveriam assisti-lo em A Sete Palmos. Com uma construção de personagem  impecável, ele consegue entregar tudo e um pouco mais com seu David Fisher. 

Frances Conroy, com sua Ruth Fisher, é outra que simplesmente só podemos aplaudir. Consegue passar do drama a comédia, brilhantemente. Nos apresentando uma personagem cheia de camadas, ela quebra todos os clichês da indústria, onde personagens “velhos” servem apenas de escada para os iniciantes. 

Não vou falar de cada personagem. No entanto, Six Feet Under, é um seleiro de grandes atores e interpretações, que se mantém em um nível altíssimo do começo ao fim.

CONCLUSÃO
Crítica A Sete Palmos

Em suma, A Sete Palmos é uma ótima pedida para quem quer mergulhar em uma trama de qualidade, com conflitos reais, abordagem delicada e mais precisa, sobre a vida e a morte.  

Portanto, se ainda não assistiu, dê uma chance para esse show dos anos 2000, que se mantém atual ainda nos dias de hoje. Contudo, se já assistiu, corre lá no HBO Max para voltar à um momento nostálgico, acompanhado de um drama de qualidade.

ASSISTIMOS!! E AÍ?? - A SETE PALMOS

9.5

Flávio Santana
Publicitário, geminiano apaixonado pelo mundo Geek. Filmes de terror e suspense sempre caem bem, mas o mundo fantástico me faz viajar. Dito isto, Harry Potter é meu Universo preferido.

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