A nova série africana da Netflix, Blood and Water (Sangue e Água), chega como uma boa promessa ao catálogo da gigante do Streaming. Com uma história envolvente e instigante, temas atuais e um enredo amarrado e cheio de ganchos, a atração te fisga do começo ao fim, mesmo com uma breve semelhança à uma outra produção de sucesso da plataforma, “Elite”.
Blood and Water traz a história de Puleng Khumalo (Ama Qamata) que teve sua irmã sequestrada quando ainda tinha dias de vida. 17 anos se passam e sua família ainda nutre a esperança de um dia encontrá-la. Seu pai, Julius Khomalo (Getmore Sithole) é um dos suspeitos do sequestro da própria filha.
LEIA TAMBÉM | CRÍTICA – HOLLYWOOD: ÓTIMA FOTOGRAFIA E EXCELENTES ATUAÇÕES, MAS COM ALGUNS DESLIZES NO ROTEIRO
Após ir a uma festa com sua melhor amiga Zama Bolton (Cindy Mahlangu), Puleng conhece Fikile Bhele (Khosi Ngema) e ao perceber semelhanças entre si, e descobrir que a festa era seu aniversário, começa a acreditar que Fikile pode ser sua irmã.
A produção africana consegue trabalhar bem seus personagens principais. Nos apresenta histórias relevantes sem fugir do objetivo principal. E como um quebra cabeça, vamos montando todas as peças.
LEIA TAMBÉM | CRÍTICA – LA CASA DE PAPEL 4: DRAMA, EVOLUÇÃO DOS PERSONAGENS E MUITA TENSÃO
Uma coisa que me incomodou na construção narrativa, foi a forma como Puleng começa a desconfiar de que Fikile possa ser sua irmã. A série não cria circunstâncias para que possa evidenciar que Fikile seja de fato quem Puleng e sua família estão atrás há anos.
Apenas um comentário e a junção de um evento, no caso, o aniversário de dezessete anos de Fikile, seja suficiente para se concluir o cerne da história, “a irmã desaparecida”.
Enfim, temos que seguir…
Depois de apresentar sua história e seus principais personagens, a série se desenvolve. A cada episódio vamos ganhando pequenas doses de que Fikile realmente é a irmã sequestrada e, além disso, vamos sendo apresentados a fatos sobre como foi o tal “roubo do bebê”.
LEIA TAMBÉM | CRÍTICA – SEX EDUCATION 2: EXCENTRICIDADE ÚNICA E NECESSÁRIA
As informações são mínimas, mas na medida certa para se criar especulações e mistérios. Para o telespectador fica claro que a teoria de Puleng está certa, enquanto para os personagens este é o mistério. Entretanto, para quem assiste o caso já está avançado, queremos descobrir o esquema do sequestro e se realmente o pai de Puleng estava envolvido ou não. E como as famílias de Fikile e de Karabo Molapo ‘KB’ (Thabang Molaba) (que neste momento está namorando Puleng) se envolve neste esquema todo.
Blood and Water (Sangue e Água) traz, também, a discussão da pansexualidade. De forma superficial, mas consegue mostrar como é a vida de uma pessoa pansexual, de forma com que seu público entenda. A explicação eu achei genial, “uma pessoa que pensa com o coração e não com seu órgão genital, quando quer se relacionar com uma pessoa”.
LEIA TAMBÉM | CRÍTICA – RAGNAROK: UMA MITOLOGIA SEM MITOLOGIA
A temporada termina com a tensão no nível máximo e com o conflito das protagonistas sendo posto em pratos limpos, ou nem tão limpos assim.
Em suma, com apenas seis episódios, a season finale traz revelações importantes a respeito de como sucedeu o sequestro e o porque de Julius Khomalo é considerado o sequestrador de sua própria filha. Não se engane com um suposto desfecho, Blood and Water (Sangue e Água) está nos mostrando apenas a ponta do iceberg.