Por Toda história tem dois lados. Portanto, a Netflix resolveu contar, em uma série documental de quatro episódios, o lado de Elize Matsunaga, condenada pelo assassinato do marido Marcos Matsunaga, um dos herdeiros da empresa alimentícia Yoki. O crime chocou o Brasil em 2012 e teve uma enorme repercussão.
Por que desenterrar essa história?
Crítica: Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime | Crédito: Netflix.
Elize nunca deu entrevistas sobre o caso. Todas suas declarações são fruto de depoimentos e de seu julgamento perante a justiça. No entanto, em 2019, após a conquista de sua liberdade provisória, ela decidiu dar a sua versão dos fatos em seu próprio documentário: “Elize Matsunaga: Era Uma Vez um Crime”. Contudo, ao contar sua versão, ela acredita que reconquistará o amor de sua filha, que cresce distante da mãe.
Os dois lados da história
Além do pronunciamento de Elize, o documentário intercala depoimentos de amigos, familiares e profissionais envolvidos no caso à época. Nesse ponto, o documentário acerta ao apostar na imparcialidade, mostrando os contrapontos de uma mesma história.
Sensacionalismo
Apesar da imparcialidade, o elemento sensacionalista faz parte da produção. Trilha de suspense, depoimentos polêmicos. Não julgo, faz parte do show. Para se tornar interessante e dinâmico, tal elemento acaba sendo fundamental.
A versão de Elize
Crítica: Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime | Crédito: Netflix.
Segundo Elize, no início de seu relacionamento, Marcos era um bom e apaixonado marido. Com os anos de união, a relação se desgastou e ele acabou assumindo uma postura agressiva, de abusador psicológico, mantendo inclusive amantes.
LEIA TAMBÉM | CRÍTICA – DOM
Vale destacar que antes de se casarem, Elize foi amante de Marcos, que abandonou a esposa para ficar com ela. Parecia que a história se repetiria… Já na visão de amigos e familiares, Marcos era descrito como um cara pacato. Em quem você acredita?
Machismo
Ainda que, dadas as circunstâncias, Elize talvez não seja o melhor exemplo para se discutir feminismo, é notório que, embora uma assassina, ela foi vítima sim de machismo. É fato que o peso de ser mulher em uma sociedade machista é grande e que talvez se nas mesmas circunstâncias o crime fosse cometido por um homem, a sentença poderia ter sido menor.
LEIA TAMBÉM | CRÍTICA – A VIDA DEPOIS DO TOMBO
Contudo, o passado da ré como garota de programa inclusive ganha peso no julgamento. Já os abusos sofridos pela mesma na adolescência são totalmente ignorados. Vale a discussão, vale a reflexão!
Perfil psicológico/psiquiátrico
Em contrapartida à qualidade da produção, a falta de avaliação profissional psicológica do perfil de Elize é sentida no documentário. Seria ela uma psicopata dado o grau de crueldade do crime ou Elize agiu de forma passional, em um momento de grande emoção?
Entretanto, dado a ausência deste ponto de vista, o espectador concluiria que se trata de um crime impensado. Inclusive pelo fato de não ser um crime inteligente e que facilmente seria descoberto pelas investigações.
Abertura de debate
Crítica: Elize Matsunaga: Era Uma Vez Um Crime | Crédito: Netflix.
Elize já foi julgada e condenada: ré confessa. A questão aqui não é tentar provar sua inocência, mas sim tentar justificar o que para muitos é injustificável. Se antes Elize era vista por todos como um monstro, hoje a opinião pública se divide, tentando entender suas razões.
Portanto, bagunçar a opinião pública com um caso de grande repercussão nacional, mostra a força da Netflix no Brasil. E ainda que as falas de Elize pareçam ensaiadas, é interessante ver o ponto de vista dela e tudo o que a levou a cometer o maior erro de sua vida.
LEIA TAMBÉM | CRÍTICA – ANITTA MADE IN HONÓRIO
Apesar de a série não trazer novidades sobre o crime que chocou o país, este é o típico documentário que por seu teor intrigante e instigante fará o espectador querer maratonar os seus quatro episódios de uma só vez.
No entanto, mostrando, dessa forma, uma nova perspectiva de um fato amplamente conhecido do público e ainda abrindo discussões sobre questões relevantes da sociedade.
Em suma, a prova de que por trás de toda história, há uma segunda história. Portanto, o desfecho disso tudo depende única e exclusivamente do ponto de vista de cada um. Contudo, vale a pena conferir!
Bom, é isso aí! Portanto, para mais novidades desta e muitas outras séries, não se esqueça de seguir no Instagram @caixadeseries.cs e @dicas_filmeseseries.
