“Normal People”, série da Hulu, distribuída no Brasil pela Starzplay, é o objeto de análise do nosso “Assistimos! E, aí?!” de hoje. A série é composta por 12 episódios de trinta minutos, em que narra a história de amor de Marianne (Daisy Edgar-Jones) e Connell (Paul Mescal).
A produção é baseada em um livro que foi indicado a um dos principais prêmios literários mundiais, o Booker Prize no ano de 2018. Sally Rooney, autora do livro contribuiu com o roteiro, junto com Alice Birch e Mark O’Rowe.
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Apresentando uma base comum, “Normal People” precisa de uma certa dose de “clichê” para que possamos entender os caminhos que nossos protagonistas irão trilhar.
Com idas e vindas, encontros e desencontros a trama traz uma melancolia constante, que faz com que o telespectador se conecte com os sentimentos de cada personagem. Contudo, nos sentimos emergir no mundo caótico e nas emoções desreguladas do casal protagonista.
Além disso, a relação familiar é um tema bem recorrente na trama. De maneira paralela, o drama nos mostra como o pilar familiar é muito importante para lidar com os acontecimentos em nossas vidas.
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A produção também reforça a tese de que dinheiro e estabilidade emocional não são sinônimos de felicidade. Pelo contrário, servem apenas para maquiar o que realmente estamos vivendo ou sentindo.
Em contrapartida, temos o personagem Connell, que apesar de ser um rapaz pobre, possui uma estruturação familiar mais equilibrada, presente, que presa pela educação e o respeito.
Normal People traz debates importantíssimos sobre nossas projeções, sobre quem somos, quem queremos ser e como lidamos com nossas frustrações. É possível notar questões psicológicas, como por exemplo, a busca por nos sentir pertencentes a um determinado ambiente ou grupo.
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A série possui um tom intimista e conceitual, com planos detalhes, closes, além de trazer paisagens belíssimas. Os diálogos, quase que monólogos, com close e sem trilha sonora, com apenas o ator e sua emoção é um dos pontos altos. A trilha sonora é encaixada nos momentos certos e sempre com temas bem calmos e emocionais.
Paul Mescal e Daisy Edgar-Jone, são as escolhas prefeitas para a série. Dois atores brilhantes, que encarnaram e viveram intensamente seus Connoll e Marianne. Sozinhos ou juntos, os dois davam o seu melhor, com personagens profundos e cheio de camadas que em um piscar de olhos abriam um sorriso e no outro se debulhavam em lágrimas.
A produção ainda conta com cenas fortes de sexo, bem coreografadas e dirigidas. Além disso, traz cenas de nu frontal de ambos os protagonistas. Porém, tais cenas são apresentadas sem subjeções, como algo natural e ocasional do momento.
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Outro tema que permeia o drama é o suicídio. No entanto, o foco está em como lidamos com esse tipo de acontecimento, com questões ligadas a solidão e a culpa.
Em minha visão, muito além da história de amor, “Normal People” é uma série sobre quem somos, e como lidamos com mudanças, projeções, amores e família. Contudo, alguns questionamentos ilustram o teor do drama. Por exemplo, quando o que acreditamos está errado, o que fazemos?, é errado desistir?, e se desistir, será que acharemos igual o que deixamos pra trás?.
Em suma, “Normal People” do Hulu usa das idas e vindas de um casal para representar as idas e vindas de nossos sentimentos e de nossas projeções para nós mesmo. Contudo, o show ainda instiga uma reflexão sobre o que queremos ser, e até aonde podemos ir para tornar nossos sonhos reais, mesmo que não seja o que esperávamos. Uma metáfora de nós mesmo.